Escrevi na semana passada um texto sobre feminismo aqui e gostaria de agradecer a todxs que de alguma maneira deram sua opinião. Isso me ajuda muito a estudar e pesquisar mais sobre o tema, além de estimular os debates. Espero que este também seja tão produtivo quando o outro! Aguardo os comentários de todxs vocês! Gratidão, apenas ❤
Estudar gênero está super em alta e muitas meninas e meninos vem iniciando suas primeiras leituras sobre o tema. Durante muitos anos, teve-se como “natural” o comportamento de submissão das mulheres frente a violência machista da sociedade patriarcal. Hoje, já se sabe, por meio dos estudos sociológicos, que o argumento usado pelo cristianismo e pelos conservadores que defendem uma família patriarcal de dominação onde “é uma tradição, um costume e nunca vai mudar!” não deve ser aceito sem antes serem feitos alguns questionamentos básicos. Para que a mulher fosse tida como ser inferior, foram feitas re-significações de mitos de forma que não nomeassem o poder da mulher. como exemplos: Mito Ganimedes- Ardhanarishvara-Krishna e Havan- Davi e Jonatas- Aquiles e Patrocalo-Sócrates e Alcebiades- Gemamesh e Entides.
O paradigma do Estado moderno violentou todos os mitos para não nomear o que é sexo, o que é gênero, o que é mulher, o que é gay para que possamos olhar exoticamente o outro, diferenciar, (categorizar o exótico). Assim, passamos a tratar o homem como padrão e a mulher e o gay como o diferente. Mas quem define o que é normal? Luto, pela igualdade de gêneros! Mas a igualdade onde a diferença não precise ser deletada, onde haja respeito pelo pluralismo. Temos diferenças com relação aos homens sim, dentre elas: nós engravidamos, menstruamos, temos hormônios diferentes, órgãos sexuais diferentes, jornadas de trabalho diferentes já que nos submetemos aos afazeres domésticos, ganhamos 30% a menos ocupando o mesmo cargo, sofremos preconceitos, assédios..
São várias as diferenças. Pensando nisso, eu acredito na tese de que existem três tipos de igualdade: isonomia, equidade e diversidade. A primeira busca uma igualdade material, perante a lei, só a afirmação de que somos iguais. Essa nós já temos prevista no art 5º da Constituição: todos são iguais perante a lei. A equidade busca acabar com as diferenças existentes, como a pobreza, a deficiência física. uma doença.. Essa também já temos, por meio das cotas e dos benefícios. A terceira é a que eu luto por ela: Somos diferentes sim, como mulheres, como meninas, como moças.. Queremos preservar essa diferença e sermos aceitas assim. É preciso reconhecer a diversidade sem que para isso se estabeleça um padrão.
Quem disse que homens têm melhor condicionamento físico? A mídia, né? Porque eu não conheço nenhum estudo acadêmico que diga isso. Quem disse que mulher não tem aptidão para mecânica? O preconceito da sociedade, né? Porque eu nunca vi alguma mulher que estudou e sentiu interesse em mexer com isso reclamando de algo.. Dizer que feministas exageram nas lutas diárias,é o mesmo discurso utilizado pela sociedade machista quando algumas mulheres corajosas disseram que podiam trabalhar, dirigir, votar, falar, usar biquini, estudar.. Temos que tomar cuidado para não reproduzirmos esses discursos generalizantes. MULHERES PODEM SER O QUE ELAS QUISEREM!!!!
A Grazi disse tudo: “Sonho com o dia que teremos direitos iguais, que a mulher não será mais oprimida em nenhum lugar do mundo só pelo fato de ser mulher. Mais respeito e igualdade por favor, isso é algo que deve vir de nós mulheres que sim as vezes somos “machistas” quando julgamos outras mulheres por fazer algo que não concordamos e só alimentamos esse preconceito idiota e lógico por parte dos homens que deviam ser mais conscientes, afinal quando não há opressor não há oprimidos.”
Sobre os comentários da Mi: Claro que eu defendo e apoio as trans.. o exemplo do útero foi para tornar mais palpável o post e assim como a feminista e escritora Nancy Fraser, eu defendo a tese de que nossos órgãos não dizem muito sobre nós. Como pode um pênis, um útero ou uma vagina definirem suas aptidões, seu salário e bla bla bla??
“Ninguém nasce mulher, torna-se mulher!”
Simone de Beauvoir
Importante lembrar que o tornar-se mulher não é apenas uma possibilidade para quem tem vagina! Acho importante que trans possam ser tratadas como mulheres se assim o desejarem.
Na minha opinião uma das questões principais é desfazer essa naturalização das coisas, essa de achar que sempre foi assim então assim é o certo. Foi o próprio ser humano que criou os termos que diferenciam os sexos (feminino/masculino, homem/mulher) e esse monte de estereótipos de sexo/gênero/sexualidade. Se “nós” criamos, nós podemos também desconstruir isso para que se possa construir uma sociedade mais igualitária e menos preconceituosa. Mas é claro que não é nada fácil.
Mas é um começo poder ler posts sobre isso e disseminar alguns questionamentos que podem servir para cada vez mais pessoas despertarem para tudo o que está por trás dessa “forma de ser” das coisas, ao invés de apenas aceitar tudo do jeito que está.
Beijos!
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Exatamente isso!!
Pretendo escrever textos semanais de acordo com os comentários que surgirem da semana anterior, tenho adorado essa interação e a resposta positiva de todos!
É sempre bom poder estudar um pouquinho mais sobre um tema tão atual como este, né?
Um beijo
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“Quem disse que homens têm melhor condicionamento físico? A mídia, né? Porque eu não conheço nenhum estudo acadêmico que diga isso. Quem disse que mulher não tem aptidão para mecânica? O preconceito da sociedade, né? Porque eu nunca vi alguma mulher que estudou e sentiu interesse em mexer com isso reclamando de algo..”
Quanto à capacidade fisica, já viste os jogos olimpicos por exemplo? Atletas profissionais. Acharias justo competirem um com o outro? São pessoas. No teu ponto de vista, como temos as mesmas capacidades, os homens competiriam com as mulheres de forma igual. Ok. Agora vamos ver os records masculinos e femininos em todas as competições e os homens são melhores, correm mais rápido, têm mais força fisica. Não estou a dizer que todos os homens são mais fortes que todas as mulheres, mas que regra geral há essa tendência que não podemos menosprezar. Ao menosprezar estas diferenças, estamos a procurar uma igualdade que se tornaria ridicula. Eu não quero, em educação fisica, nas aulas, ser avaliada da mesma forma que os rapazes, porque a minha constituição fisica é diferente.
Segundo ponto, eu nunca ouvi ninguém a dizer que uma mulher não tem aptidão para mecânica. Ouvi a dizerem que as mulheres não percebem porque não se interessam. Percebem de maquilhagem. Os homens não percebem de maquilhagem. Se alguma mulher ou homem se sentir ofendido com o que eu disse, peço desculpa, mas estou a fazer uma generalização, não estou a dizer que acho mal uma mulher querer ser mecânica ou um homem querer trabalhar num salão de beleza, nem um nem outro são menos homem ou menos mulher por isso. Mas temos de entender que por norma os homens interessam-se mais por carros do que as mulheres. Não acho que seja qualquer tipo de machismo. Machismo seria proibir as mulheres a estudarem mecânica, coisa que não acontece! Ou proibir as mulher de fazerem esse trabalho, coisa que não acontece! Preconceito que me parece bem superado.
Por isso, querem se preocupar, preocupem-se com o que realmente importa dentro deste tema, que, por exemplo, são as publicidades que menosprezam o corpo de uma mulher como sendo objecto de um homem, ou a ”ladies night”, em que te oferecem bebidas, para os homens irem ao lugar babarem-se, ou pior, as mentalidades dentro de casa – o filho pode sair, a filha não; o filho pode namorar e é um engatatão se andar com muitas, uma mulher não é uma puta se andar com dois durante um ano,…. Isto sim, são coisas a alterar.
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Foi só uma bandeira levantada.. todos os argumentos ão hiper válidos e estão me fazendo refletir muito, fico muita agradecida pela sua contribuição.. Mas estamos partindo de pontos de vista opostos.. Eu acredito que cada grupo ou coletivo deve defender o que quiser, não sou eu quem deve dizer o que eles devem se preocupar. Eu discuto a igualdade de gênero, eu estudo sobre isso. E pelo que vi até hoje, estamos condicionados mais a fatores sociais que de instintos, isso é a antropologia que diz.. Adorei as suas contribuições, foi muito bom pesquisar um pouquinho ais sobre o tema!
beijos
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Sim, acredito que estejamos mais condicionados a factores sociais, e há muitas arestas para limar….
Mas é importante entender as diferenças em primeiro lugar. E eu, no que toca a este tema, procuro equidade e não igualdade.
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O professor doutor Alexandre Bahia defende a tese da igualdade em três vertentes, sendo que a que nos falta para concretizarmos nosso estado democrático é a diversidade, aceitar a diferença sem impor padrões de melhor ou pior, somos diferentes, apenas. Eu concordo e defendo isso 🙂
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Eu li essa parte no que escreveste. Mas há um problema gigante: entre o que está escrito na Constituição da República e o que é feito. Porque o que está ou deixa de estar escrito na CR não vai mudar coisa nenhuma, ainda para mais quando olhamos para as leis e elas vão contra esse livro imaculado
E eu não falei em equidade juridica. Mas sim, em equidade de géneros nas mentalidades.
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Bom, eu não consegui entender muito, mas pode ter certeza que seus comentários estão me ajudando muito a melhorar a minha tese e a fazer questionamentos. Obrigada!!
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Só estou a dizer que não basta estar escrito na lei. E que não podemos dizer que já existe x tipo de igualdade só por ela estar presente no direito. Espero ter sido mais clara agora.
Beijocas *
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Aah, mas a equidade não é prevista na Const e nem a diversidade, isso é questão de hermeneutica jurídica, dos interpretadores e doutrinadores do direito.
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Ah então fui eu que entendi mal. Eu tinha ideia que na Cons Rep Portuguesa existia alguma coisa sobre o assunto…dei qualquer coisa sobre isso em direito, mas posso estar a confundir.
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Hmm… de Portugal eu já não sei, mais uma coisa para pesquisar!! Tô adorando isso!!
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Tenho uma prima que está a estudar direito, vou lhe perguntar, e depois digo-te, é mais simples. 😀
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Combinado!! =D
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Clique para acessar o %7Ba83fee07-fbee-44a1-86d7-bef33f38eb86%7D.pdf
Encontrei este pdf a explicar o conceito de equidade no direito português. De certa forma está previsto, embora seja ambiguo.
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Muito bom esse texto, pato palmas em pé
beijos, Tabatha
http://aproveiteolivro.blogspot.com.br/
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Que bom que você gostou!!
Fico muito feliz =D
Eu tenho um grupo de divulgação de posts no face, se vc quiser participar, será muito bem vinda! O link é este aqui:
https://www.facebook.com/groups/1499015480338653/
beijos
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Oi Fiama! /
Adorei teu primeiro post feminista, tal como este, porém, como feminista interseccional, falta a nós mesmas também ampliar um pouco os horizontes. Pois há feminismos radicais que não reconhecem as transexuais e as travestis como mulheres, tirando muito dos direitos. Direitos que para quem é cisgênera é algo que passa desapercebido como a ida a um banheiro público feminino sem ser barrada na porta.
E é isso, a gente tem que cuidar e vê-las como mulher, afinal, TORNA-SE MULHER. Ou seja, existem mulheres sim que não engravidam (não só as transgêneras né?), não menstruam e sim, tem orgãos diferentes das nascidas mulheres biologicamente, que são as não operadas e merecem o mesmo respeito e igualdade!
É preciso também diferenciar orientação sexual de identidade de gênero. Há feminismos que focam tanto na homofobia que esquecem da transfobia, que mata muito mais, o problema que elas são desrespeitadas até na morte, quando sai um anúncio de seus assassinatos em letras garrafais nos jornais chamando de “O” travesti e ainda expondo o nome de RG que não significa NADA!
As pessoas ainda são muito confusas em definir a diferença entre sexo biológico, orientação sexual e identidade de gênero.
Existe uma infinidade de gêneros, inclusive xs não-binaries, mas não vou me alongar demais. Fica o assunto para outro post. 😉
Adorei tuas observações lúcidas sobre isonomia, equidade e diversidade.
O que falta são as mulheres feministas cisgêneras desfocarem-se um pouco da biologia e ver as transexuais como IDÊNTICAS, tão mulher quanto.
Beijo grande amiga e isso de que exageramos, vamos ouvir sempre, o que importa é que os fortes e inteligentes sempre entenderão. 🙂
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Concordo plenamente, Mi.. Temos que estudar e nos aprofundar cada dia mais sobre o assunto. Infelizmente, por estes assunto serem tão mascarados na sociedade, acabamos por desconhecimento, usando certas tradições preconceituosas sem ao menos levarmos em consideração esses outros seres humanos que também sofrem tanto ou mais que nós. Peço desculpas se de alguma forma fui preconceituosa em minhas palavras, não foi minha intenção. E espero estudar bastante até ser capaz de escrever um texto que defenda e mostre esse lado do preconceito contra as mulheres trans.
Um grande beijo. Estou sentindo falta dos seus comentários aqui.
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